domingo, 5 de agosto de 2012

Lituânia - Batatas, cerveja e... batatas!

Sabe do que eu mais gosto nas minhas viagens? Gosto de conhecer a cultura local. Tem gente que faz isso observando, conversando e até estudando. Eu prefiro o método mais gostoso: conhecer comendo e bebendo!

 
 



 

A Lituânia é um país maravilhoso. Foi meu estômago quem me levou a essa conclusão. Lá eles sabem comer, e comem muito bem, ainda que tudo seja feito de batata.
Tem panqueca de batata, linguiça de batata, bolinho de batata e, claro, a própria batata: frita, cozida, corada, amassada... É incrível a infinidade de coisas gostosas que eles conseguem fazer com o mesmo ingrediente. Um toque de bacon e creme fresco são frequentes também, sob diversas formas e sempre deliciosos. E para beber, cerveja clara, escura, fria, quente...

O maior problema ao visitar a Lituânia é organizar a agenda, pois três refeições diárias não são suficientes para dar conta de todos os disfarces de batata que eles têm para oferecer. Convenci minha dona a incluir a hora da cerveja, todos os dias às 17h, e a ceia, após o jantar. Creio que tal medida tenha me ajudado na disciplina que às vezes me falta, pois assim eu deixei a cerveja para antes do jantar e o destilado para depois. Não dizem que faz mal misturar?
 

Vista da capital, Vilnius. Isso é no inverno, claro. Não deve ser sempre dessa cor (ou dessa falta de cor).

Centro histórico de Vilnius no inverno à noite.
  
Dentro da Universidade.
  
Catedral de Vilnius.
 
Castelo de Trakai, a alguns quilômetros de Vilnius.


sexta-feira, 22 de julho de 2011

FINLÂNDIA - O Lapônio e a aurora boreal!!!


Eu achava que essa noite tinha sido a melhor coisa que a Lapônia poderia oferecer. Na véspera da nossa partida para a Finlândia, minha dona me levou pela última vez ao Ice Bar (no Ice Hotel, Suécia) e ali eu provei todas as combinações de Absolut que faltavam para eu completar a degustação do cardápio.
Foi, porém, na Finlândia que descobri que a Lapônia tem algo muito mais especial que shots de vodca em copos de gelo.
E foi, também, na Finlândia que tive que me virar sozinho pela primeira vez na vida.

Acordei no meio do nada. Para não dizer que não havia nada, corrijo: acordei no meio da neve. Muita neve!
Devo ter caído do bolso do casaco da minha dona em algum lugar no meio da viagem. Andei um pouco e vi uma placa: Kemi. Eu sempre estudo o roteiro de viagem antes de sair com minha dona, de forma que eu sabia que era para lá que deveria seguir. Cheguei em Kemi à noite, e por sorte encontrei lá um amigo que me convidou para dormir no telhado da casa dele.
O Snoopy é um cara muito legal. Contei a ele que estava perdido, mas me lembrava do nome da próxima hospedagem em que minha dona se alojaria: Kakslauttanen. (Ainda bem que era um nome fácil, né?) Logo de manhã ele me apresentou à Dona Rena, proprietária de uma empresa de transporte coletivo de longas distâncias que opera na região. 
Eu no trenó da Dona Rena.

A Dona Rena. Era ela quem trabalhava para o Papai Noel, mas foi demitida quando ele comprou sua Harley Davidson.


Rumo ao norte, atravessei florestas de pinheirinhos de Natal que me fizeram lembrar da ceia do ano passado. Ai, que fome! Eu não comia há horas!
Rovaniemi, cidade por onde passa o Círculo Polar Ártico e moradia do Papai Noel, é o ponto final do trenó da Dona Rena. Lá eu fiz a baldeação para o ônibus que me levaria a Kakslauttanen.
O ônibus é bem mais rápido que o trenó, mas a estrada não é tão bonita quanto o caminho com pinheiros. Agora eu entendo por que a Chapeuzinho Vermelho desobedeceu sua mãe. Ir pelo meio da floresta é muito mais agradável!

Finalmente, Kakslauttanen!
Um desses iglus de vidro estava reservado para mim e para minha dona. Mas qual? Não tinha outro jeito senão procurar. Bati de porta em porta, e na última encontrei minha dona! Que alegria! Ela tinha um monte de biscoitinhos na mochila!
Depois desse dia, fiquei bem grudado ao bolso do casaco para não me perder mais. Só ficava sozinho na hora da sauna da minha dona.
 E mesmo esses breves minutos de solidão logo deixaram de existir. Eu conheci o Lapônio e minha dona o convidou a ficar com a gente.

Ah, claro, já estava me esquecendo de contar o que a Lapônia tem de super especial. Nas noites em que ficamos lá vimos a aurora boreal, que deve ser o fenômeno mais fantástico da natureza. Parece uma pintura que acende no céu, se mexe e muda de cor. Não conseguimos fotografar, pois é preciso ter uma boa (não, uma excelente) câmera com lente adequada para isso. E quando é a primeira vez, vale a pena aproveitar cada segundo, sem ter que se preocupar com tripés e enquadramentos. Quando é fraca, parece apenas uma nuvem colorida. Mas depois ela se intensifica, e as pessoas desconhecidas começam a se comunicar em não importa que língua, apontando para cá e para lá, tentando fazer com que todos possam seguir a aurora. Um dos nossos jantares foi interrompido pelos gritos das garçonetes: "Aurora! Aurora!" Todo mundo saiu correndo, numa confusão de desespero com alegria, esperança (havia pessoas lá que tentavam ver a aurora pela sétima vez), euforia e gratidão (nessas horas que a gente percebe que vale a pena viver, e dá vontade de pular!). Alguns minutos depois, tudo o que se sente é frio, mas é para isso que a hospedagem é um iglu de vidro. Lá dentro, quentinhos e enrolados em edredons fofinhos, pudemos aproveitar o espetáculo até o fim, deitados de olhos bem abertos até as 2h da manhã.

Como fiquei devendo as imagens da aurora, sugiro uma olhada nesses vídeos:


terça-feira, 12 de julho de 2011

RÚSSIA - Gelo no fio!

A nossa passagem por São Petersburgo não foi uma viagem no gelo, mas vou contar aqui no blog assim mesmo. Afinal, a Rússia é um país gelado, no inverno e no verão. Não é lá que fica a Sibéria?

O que achei mais curioso não estava num museu nem custou rublo algum. Eles estavam no caminho matinal da minha dona, na Nevsky Prospekt (a avenida principal de São Petersburgo), tentando tirar um bloco de gelo que estava preso no fio. Eu nunca tinha visto nada parecido. Para mim, só tênis alheios ficavam presos nos fios.

Eu sou o tipo de viajante que curte mais aqueles lugares onde não há muito o que fazer (desde que haja boa comida e bebida, claro). Minha dona, ao contrário, fica deslumbrada nas cidades que oferecem tudo e mais um pouco e, se eu não lembrá-la, ela se esquece até de respirar. São Petersburgo é uma dessas cidades.

Foram dois dias no Hermitage, mais uns 6 ou 7 outros museus menores, um concerto de música de câmara por noite, uma ópera no Mariinsky de dia, um show folclórico, café da manhã, almoço e jantar em restaurantes e cafés legais praticamente todos os dias, panquecas no hostel no último dia, três igrejas, um parque, um forte, uma manhã comprando passagem na estação de trem, e tantas e tantas pontes, lojas, metrôs e táxis. Tudo em míseros seis dias. Uma correria louca!

A melhor parte foi o Museu da Vodca.
Lá uma guia que fala inglês e adora novelas brasileiras nos contou a história da vodca na Rússia, desde as primeiras destilarias até o atual ranking mundial das vodcas super top (liderado pela Beluga), passando pelas inúmeras tentativas de lei seca naquele país de bêbados, que os levou a criar essa geringonça aí da foto, para fabricação caseira de vodca. Os ingredientes são colocados no vidro, que é tampado com a luva. Ao se iniciar a fermentação, a luva se enche de ar e permanece assim, até o processo terminar. Quando ela murcha, quer dizer que a bebida está pronta.

Ao final da visita ao museu, há uma pequena degustação de três tipos de vodca com très aperitivos típicos da Rússia. Gostei tanto que acabei convencendo minha dona a ficar mais um pouco, pois já era quase hora do jantar. Ela me respondeu que 17h30 não é quase hora do jantar coisa nenhuma, mas como já estava cansada acabou cedendo.
O cardápio de vodcas era fantástico, e a comida acompanhou à altura. Pedimos blinis com ovas de salmão e sour cream.
A sobremesa foi sopa de morangos com biscoitinhos. Nham!

Para terminar, chá com docinhos.
Ah, eu também bebi um pouco de água, mas não sei não... Aquela água me deixou meio tontinho. Não me fez muito bem não.




sábado, 2 de julho de 2011

LETÔNIA - Gelo no mar!

Depois do passeio frustrado no Mar de Okhotsk há alguns anos (um dia postarei sobre essa viagem), nem eu nem minha dona esperávamos muito da travessia de Estocolmo a Riga. O plano era aproveitar as atrações do navio até dar sono, e dormir durante o resto da viagem. Ao amanhecer, tomaríamos café e desembarcaríamos para explorar Riga, a capital da Letônia.
E assim teria sido, se não tivesse dado tudo errado. As travessias noturnas dos ferries pelo Mar Báltico são famosas pelos restaurantes, bares, cassinos, baladas e lojas duty free. Durante o inverno e no meio da semana, porém, o único lugar animado é a seção de bebidas do duty free. Isso explica o bar vazio, ao mesmo tempo em que uma quantidade notável de embriagados passeia pela embarcação. Numa das idas e vindas pelos estreitos corredores, apareceu um bêbado no nosso caminho e minha dona, assustada, decidiu se trancar na cabine até o dia seguinte. Aí acabou o passeio: nada mais de bar, danceteria, compras, nem restaurante. Comemos os biscoitos que ela tinha levado, dentro da cabine mesmo.

O ferry Romantika, no qual ocupamos uma cabine no deck mais barato, é brega de morrer. Tapetes estampados, muito brilho, espelhos, cores berrantes e corrimões dourados...

Antes do café minha dona foi lá fora sentir o ar fresco da manhã: 19 graus negativos.
Depois ela veio me buscar para o desjejum. Eu estava mesmo precisando! Imagine só, jantar biscoitos! Doida, essa minha dona. Se um dia eu morrer de fome, a culpa vai ser dela.

Desembarcamos em Riga, a "cidade dos cabeções".
Não sei o que significam nem para que servem, mas eles estão por toda parte. Imagino que tenham sido os antigos habitantes da região. Em algum momento da história eles foram petrificados por algum fenômeno natural raro ou foram transformados em pedra por um inimigo mágico, que aproveitou para tirar-lhes os corpos para fazer tijolos. Não convenci? Tudo bem. Você pode acreditar que homens esculpiram essas cabeças, mas não reclame se sua vida é um tédio e o mundo é monótono.
Adorei a visita a Riga e voltaria feliz para comer a linguiça de sangue (tipo morcilla ou chouriço) de novo.
Também gostei das igrejas, das jóias de âmbar, das senhoras-urso (casacos de pele dão às pessoas aparência de ursinhos, é tão fofo!) e da facilidade de se virar lá só com cartão de débito/crédito. Não vi mendigos por lá, mas tenho certeza de que se houvesse algum, ele teria uma maquininha e aceitaria tanto Visa quanto Master.


sábado, 25 de junho de 2011

SUÉCIA - Estômago no gelo!

A comida não é extamente o que mais chama visitantes para a Suécia. Em dias e lugares normais, comer na Suécia é ruim. Há bons restaurantes, claro. Em Estocolmo comi em bons restaurantes. O preço varia muito, e o serviço frequentemente é melhor que a comida. Porém, não estou aqui para falar amenidades. Hoje vou relatar a experiência mais sublime da minha viagem ao gelo: aquela da qual me lembro com o estômago.
 Este é o restaurante do Ice Hotel. Aconchegante, não muito grande, decoração bem humorada e despretenciosa. O atendimento, a cargo de garçonetes bem treinadas e com inglês impecável, foi perfeito. Minha dona costuma ser bastante exigente com o serviço, mas eu me preocupo mesmo é com a comida.


O Ice Menu é composto por seis pratos preparados com ingredientes locais. Se servido frio, vem sobre uma tábua de gelo. Se servido quente, o acompanhamento é frio e chega num potinho de gelo. As entradas eram ovas com creme e um peixinho empanado sobre farofa de sei-la-o-que com molhos indecifráveis.
A primeira carne era uma ave com cogumelos. Esqueci o nome do bicho. Gostosa, mas surpreendente foi a segunda. Já havia provado carne de rena, mas não guardava boas recordações. Essa rena, no entanto, ficará na minha memória para sempre. Eram três partes distintas, em tamanhos diferentes. Como era de se esperar, o melhor pedaço era justamente o menorzinho, exatamente aquela lâmina apoiada em cima do lombo (na foto acima à direita): a língua.

Entre um prato e outro uma cesta cheia de pães fofinhos dava uma passada na nossa mesa. E eu estava com saudades dos pães fofinhos. O pão tradicional sueco é seco como um biscoito, e nos restaurantes mais populares só há dessas bolachas, não há pão fofinho. Para ficar ainda mais gostoso, os pães fofinhos eram trufados. Eu, como bom porco (apesar de ser metade azeitona), adooooro trufas! Se você não sabe qual é a relação das trufas com os porcos vá ao Google e busque. Eu não vou ficar explicando essas coisas tão básicas aqui. Ah, e quando for fazer isso, aproveita para descobrir qual é a conexão entre porcos e azeitonas, pois o meu nascimento é um mistério que ainda não consegui elucidar. 

Chegou a hora do queijo. Era um queijo marinado em ervas servido meio caramelizado. Delícia!

Por fim, a parte mais triste da refeição. Não porque não gosto, mas porque quando vem a sobremesa, sei que o jantar está acabando.

Todo mundo me pergunta: "é um ovo?" Tá certo que na cozinha contemporânea tudo é possível, mas ovo cozido de sobremesa já é demais. É óbvio que não é um ovo! Mas também não vou contar o que é. Hihihi!


sexta-feira, 24 de junho de 2011

SUÉCIA - Tupiniquins no gelo!

Olá, gente. Essa é a minha dona. Isso, a do meio da foto, com o jacaré. (Mas eu não sou o jacaré.)


Depois de passar alguns perrengues no nosso país tropical, minha dona decidiu que fabricaria um mês de inverno por ano e me convidou para, segundo ela, ser feliz também. Eu não estava bem convencido disso, mas ela me falou que no frio a gente consegue beber muito mais álcool do que nos dias quentes. Aí ela me convenceu.

Fizemos nossa reserva no Ice Hotel, em Jukkasjärvi, no norte da Suécia. É um hotel todo construído com gelo, que hospeda malucos do mundo inteiro em lindos e aconchegantes (?) quartos com temperatura constante de cinco graus negativos, até meados de abril, quando o calor acaba com a brincadeira.

Após a travessia do Atlântico na classe econômica da TAM até Londres, voo da SAS para Estocolmo, e de novo SAS para Kiruna, chegamos até o aeroporto mais próximo do Ice Hotel. Ou ao que fica mais próximo de um aeroporto, pois tem uma pista onde os aviões pousam, e uma casinha onde os passageiros pegam suas malas.

A primeira coisa que fizemos no Ice Hotel foi participar de uma aula sobre "como dormir sob -5 graus". Muito útil, já que nunca havíamos feito isso antes. Para minha surpresa, não estávamos sós: havia muitos outros loucos além da minha dona. É muito simples: um lençol tipo saquinho dentro de um saco de dormir ultra-potente. Depois de fechar o zíper e puxar o cordãozinho, minha dona ficou parecendo uma múmia no sarcófago, mas ela garante que ficou quentinha e dormiu confortavelmente no seu quarto de gelo. O que é mais fantástico é o silêncio. Bem mais impressionante que o frio!

No dia seguinte passeamos de trenó de huskies ao amanhecer e snowmobile ao por-do-sol. A sensação de liberdade é indescritível!
Ainda bem que foi nessa ordem, porque o snowmobile é muito mais legal que o trenó. Huskies são lentos e latem demais. Além disso, a extensão do trenó impede as curvas mais fechadas e torna meio complicado entrar na floresta mais densa, com todos aqueles pinheirinhos cobertos de neve, parecendo marshmellows derretidos. Com o snowmobile, ao contrário, tudo é possível: velocidade, curvas, pinheirinhos, marshmellow, chantilly, suspiros, ovos nevados... Ai, que fome! Vou fazer um lanchinho. Até mais!