sexta-feira, 22 de julho de 2011

FINLÂNDIA - O Lapônio e a aurora boreal!!!


Eu achava que essa noite tinha sido a melhor coisa que a Lapônia poderia oferecer. Na véspera da nossa partida para a Finlândia, minha dona me levou pela última vez ao Ice Bar (no Ice Hotel, Suécia) e ali eu provei todas as combinações de Absolut que faltavam para eu completar a degustação do cardápio.
Foi, porém, na Finlândia que descobri que a Lapônia tem algo muito mais especial que shots de vodca em copos de gelo.
E foi, também, na Finlândia que tive que me virar sozinho pela primeira vez na vida.

Acordei no meio do nada. Para não dizer que não havia nada, corrijo: acordei no meio da neve. Muita neve!
Devo ter caído do bolso do casaco da minha dona em algum lugar no meio da viagem. Andei um pouco e vi uma placa: Kemi. Eu sempre estudo o roteiro de viagem antes de sair com minha dona, de forma que eu sabia que era para lá que deveria seguir. Cheguei em Kemi à noite, e por sorte encontrei lá um amigo que me convidou para dormir no telhado da casa dele.
O Snoopy é um cara muito legal. Contei a ele que estava perdido, mas me lembrava do nome da próxima hospedagem em que minha dona se alojaria: Kakslauttanen. (Ainda bem que era um nome fácil, né?) Logo de manhã ele me apresentou à Dona Rena, proprietária de uma empresa de transporte coletivo de longas distâncias que opera na região. 
Eu no trenó da Dona Rena.

A Dona Rena. Era ela quem trabalhava para o Papai Noel, mas foi demitida quando ele comprou sua Harley Davidson.


Rumo ao norte, atravessei florestas de pinheirinhos de Natal que me fizeram lembrar da ceia do ano passado. Ai, que fome! Eu não comia há horas!
Rovaniemi, cidade por onde passa o Círculo Polar Ártico e moradia do Papai Noel, é o ponto final do trenó da Dona Rena. Lá eu fiz a baldeação para o ônibus que me levaria a Kakslauttanen.
O ônibus é bem mais rápido que o trenó, mas a estrada não é tão bonita quanto o caminho com pinheiros. Agora eu entendo por que a Chapeuzinho Vermelho desobedeceu sua mãe. Ir pelo meio da floresta é muito mais agradável!

Finalmente, Kakslauttanen!
Um desses iglus de vidro estava reservado para mim e para minha dona. Mas qual? Não tinha outro jeito senão procurar. Bati de porta em porta, e na última encontrei minha dona! Que alegria! Ela tinha um monte de biscoitinhos na mochila!
Depois desse dia, fiquei bem grudado ao bolso do casaco para não me perder mais. Só ficava sozinho na hora da sauna da minha dona.
 E mesmo esses breves minutos de solidão logo deixaram de existir. Eu conheci o Lapônio e minha dona o convidou a ficar com a gente.

Ah, claro, já estava me esquecendo de contar o que a Lapônia tem de super especial. Nas noites em que ficamos lá vimos a aurora boreal, que deve ser o fenômeno mais fantástico da natureza. Parece uma pintura que acende no céu, se mexe e muda de cor. Não conseguimos fotografar, pois é preciso ter uma boa (não, uma excelente) câmera com lente adequada para isso. E quando é a primeira vez, vale a pena aproveitar cada segundo, sem ter que se preocupar com tripés e enquadramentos. Quando é fraca, parece apenas uma nuvem colorida. Mas depois ela se intensifica, e as pessoas desconhecidas começam a se comunicar em não importa que língua, apontando para cá e para lá, tentando fazer com que todos possam seguir a aurora. Um dos nossos jantares foi interrompido pelos gritos das garçonetes: "Aurora! Aurora!" Todo mundo saiu correndo, numa confusão de desespero com alegria, esperança (havia pessoas lá que tentavam ver a aurora pela sétima vez), euforia e gratidão (nessas horas que a gente percebe que vale a pena viver, e dá vontade de pular!). Alguns minutos depois, tudo o que se sente é frio, mas é para isso que a hospedagem é um iglu de vidro. Lá dentro, quentinhos e enrolados em edredons fofinhos, pudemos aproveitar o espetáculo até o fim, deitados de olhos bem abertos até as 2h da manhã.

Como fiquei devendo as imagens da aurora, sugiro uma olhada nesses vídeos:


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